Em Foz do Iguaçu, secretário-executivo do Ministério da Saúde fala sobre queda da vacinação, combate a fake news, atenção especializada e integração entre saúde e clima após retorno da COP30.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde e vice-ministro, Adriano Massuda, participou na quinta-feira (13) das atividades do 37º Congresso das Secretarias Municipais de Saúde do Paraná (COSEMS-PR), em Foz do Iguaçu. Médico sanitarista, paranaense formado pela UFPR, Massuda recebeu a Honraria do COSEMS-PR pelo conjunto de contribuições à saúde pública e à defesa do Sistema Único de Saúde (SUS).
Massuda chegou ao Congresso direto da COP30, onde a saúde integrou, pela primeira vez, um dos eixos centrais da Conferência do Clima da ONU. Ele compartilhou diretrizes debatidas internacionalmente e citou o exemplo brasileiro como referência global. “Precisamos discutir saúde e clima em conjunto. A Carta de Belém nasce dessa urgência”, afirmou.
A Carta de Belém, resultado do esforço conjunto das principais redes de pesquisa em sociobiodiversidade e clima da Amazônia, do Ministério da Saúde em parceria com a ONU e diversos países, estrutura ações imediatas para prevenção de desastres, redução de danos e proteção das populações mais vulneráveis. As propostas concretas estão estruturadas em cinco eixos temáticos essenciais para enfrentar a crise climática a partir da realidade amazônica: gestão sustentável de recursos; transformação agrícola e sociobioeconomia; resiliência de cidades e territórios; justiça socioambiental e protagonismo dos povos; e democratização do conhecimento e da comunicação científica.
Ele reforçou que o Brasil tem na Atenção Primária à Saúde a base de um sistema capaz de responder a esses desafios. “As diretrizes que muitos países apontam para fortalecer a atenção primária são, em grande parte, aquilo que o SUS já faz com excelência. O Brasil segue sendo exemplo para o mundo.”
Reconstrução do SUS, vacinação e combate à desinformação
O secretário fez um balanço da situação encontrada no Ministério da Saúde ao início da atual gestão, citando a queda histórica da cobertura vacinal e o enfraquecimento da ciência e das capacidades técnicas durante os últimos anos. Relembrou que, ainda na transição de governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi categórico ao determinar a “reconstrução do SUS” e a retomada do modo histórico de fazer política de saúde no Brasil: com participação social, partilha de decisões e pactuação na Comissão Intergestores Tripartite (CIT).
Massuda organizou sua fala em duas grandes frentes. A primeira é recuperar a cobertura vacinal e combater a desinformação. “Olha o nível que chegamos: pais assinando termos para que crianças não sejam vacinadas. É algo tão elementar”, alertou, defendendo campanhas permanentes de vacinação e uma estratégia robusta de enfrentamento às fake news em saúde.
A segunda frente é avançar na atenção especializada, consolidando a Política Nacional de Atenção Especializada em Saúde (PNAES). Ele lembrou que a PNAES organiza a rede de atenção especializada como apoio à atenção primária e que programas como o Agora Tem Especialistas são instrumentos concretos para reduzir filas, ampliar o acesso a consultas, exames e cirurgias e qualificar o cuidado em todo o país.
Durante o Congresso, Massuda destacou o Ato de Entrega da Carreta de Oftalmologia do programa Agora Tem Especialistas, que teve a cidade de Foz do Iguaçu como sede do lançamento oficial. Em Foz, a carreta de oftalmologia do Agora Tem Especialistas deve realizar milhares de consultas e mais de mil cirurgias de catarata em cerca de 30 dias, com agendamento totalmente gratuito pelo SUS, em parceria com o Governo do Paraná e a Secretaria Municipal de Saúde. “Onde tem Oferta de Cuidados Integrados, tem uma população melhor cuidada. Mas isso exige capacidade de gestão. Não é fácil: demanda maturidade das gestões municipais e estaduais”, ressaltou Massuda, ao enfatizar o protagonismo dos secretários municipais de saúde no sucesso das políticas públicas.
Integração entre clima, saúde e gestão: um novo marco para o SUS
O secretário-executivo reforçou que o Ministério da Saúde está implementando o AdaptaSUS, conjunto de instrumentos para preparar estados e municípios para emergências climáticas, prevenção e respostas rápidas. “Saúde e clima caminham juntos a partir de agora”, afirmou.
Eventos climáticos extremos, como enchentes, furacões e secas, estão cada vez mais frequentes e têm sido um desafio crescente para os sistemas de saúde. O aumento das temperaturas também impacta na proliferação de doenças, como a dengue, e na mortalidade por calor extremo ou outras doenças relacionadas à qualidade do ar, como as doenças respiratórias. Há ainda fatores relacionados ao aumento da desigualdade e redução da qualidade de vida.
Assessoria COSEMS-PR


