Força-tarefa de geotecnologia agiliza reconstrução de Rio Bonito do Iguaçu

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Base cartográfica criada por equipe de Cascavel dá suporte aos laudos do Ibape-PR e Crea-PR e acelera o acesso da população aos benefícios sociais.

Rio Bonito do Iguaçu ainda tenta se reconhecer entre os escombros deixados pelo tornado do último dia 7 de novembro. Em meio ao cenário devastado, mãos se unem para recomeçar. E um esforço técnico silencioso tem ajudado a devolver um fio de esperança às famílias.

A reconstrução geoespacial da cidade, resultado de uma força-tarefa realizada na última semana, está permitindo que os órgãos públicos estimem com rapidez os custos de reforma dos imóveis e encaminhem os benefícios necessários para que cada morador possa, aos poucos, retomar a vida.

A ação voluntária realizada na quinta-feira (13) envolveu cerca de 30 profissionais da área de engenharia da CTMGEO, de Cascavel, que se mobilizaram para oferecer apoio técnico emergencial. Em menos de 24 horas, a equipe conseguiu montar a primeira base cartográfica completa de Rio Bonito do Iguaçu após o tornado.

O trabalho começou com a aquisição emergencial de uma imagem recente de satélite. A partir dela, foi criado um ambiente SIG do zero e iniciada a vetorização, uma etapa minuciosa em que cada edificação é redesenhada digitalmente.

Segundo Máicon Altir Canal, sócio-diretor e responsável técnico da CTMGEO, o desafio foi maior porque o município não possuía cadastro georreferenciado e grande parte das referências físicas havia sido destruída. “Comparar uma imagem anterior ao desastre com outra registrada logo depois nos permitiu identificar cada construção e determinar a área edificada de 2.533 imóveis. Isso garante que os laudos técnicos avancem sem perda de tempo”, explica.

Desde sexta-feira (14), essa base cartográfica está sendo utilizada nos laudos técnico-periciais elaborados pelo Ibape-PR e pelo Crea-PR. Para a engenheira civil Karin Schons Chiamenti, do Ibape-PR, o impacto da ferramenta foi imediato. “Na área urbana, os trabalhos estão bem adiantados, e as liberações de verba já começam nesta semana graças ao material produzido em Cascavel. Agora, na segunda etapa, seguimos com foco na zona rural”, detalha.

Como tudo foi feito
Em condições normais, o georreferenciamento municipal é produzido por fotogrametria aérea, gerando dados precisos que servem de base para a gestão urbana. Em Rio Bonito do Iguaçu, porém, o desafio é inédito. Foi preciso mapear uma cidade onde cerca de 90% das casas simplesmente não existiam mais.

“Num cenário assim, não há como lançar drones para produzir ortofotos de alta resolução. Faltavam as próprias construções que serviriam de referência”, observa Canal.

O resultado é uma estimativa técnica construída com os recursos disponíveis. A única alternativa possível em um contexto emergencial em que cada dia perdido representa atraso na reconstrução de vidas.

Geotecnologia ativa é essencial
O episódio reforça a importância de os municípios manterem um cadastro imobiliário atualizado, uma base cartográfica consolidada e um sistema de informação geográfica ativo. Em situações de emergência, essa infraestrutura acelera diagnósticos, reduz custos e dá suporte a ações sociais que dependem de agilidade.

“Com um SIG implantado, muita coisa poderia ter sido automatizada, desde a emissão de laudos, registros de vistorias, uso de aplicativos móveis em campo, integração de imagens aéreas e até capturas 360° das ruas”, completa Canal.

Em 2024, essa mesma tecnologia agilizou o atendimento a desabrigados no Rio Grande do Sul, durante uma das maiores enchentes da história do Estado, quando o sistema SigWeb e o aplicativo Geocidadão foram usados no cadastro de moradores e na organização das ações de recuperação.

No caso de Rio Bonito do Iguaçu, a solidariedade foi o motor da operação. “Todos entenderam a gravidade da situação e abraçaram a causa. Foi intenso, desafiador, mas saber que nosso esforço encurta o caminho da reconstrução para tanta gente faz tudo valer a pena. Mesmo com a falta de dados, conseguimos contribuir”, finaliza Canal.

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