O X Encontro Nacional da Mulher Contabilista levou a Foz do Iguaçu mais de 2 mil profissionais da contabilidade, que discutiram, em três dias de debates, os desafios e oportunidades do mercado contábil. Os participantes também puderam assistir a palestras motivacionais e sobre saúde, além de conhecer a história de mulheres que fizeram a diferença em sua carreira. Em todos os painéis, os especialistas ressaltaram a importância da profissionalização e de se manter atualizado na carreira.
A profissionalização das carreiras e das empresas e a educação profissional continuada foram tema de debate nos três dias do X ENMC. Segundo Olivia Kirtley, presidente da Federação Internacional dos Contadores (Ifac, na sigla em inglês), embora hoje os desafios profissionais para as mulheres ainda existam, especialmente nos cargos de chefia, o que o mercado precisa é de profissionais preparadas. “Nada substitui o conhecimento”, disse. Ela participou do painel O novo mercado para a área contábil: como se manter neste mercado competitivo. “Pesquisas mostram que elas se preparam muito mais que os colegas homens antes de se candidatar a um cargo de chefia. Elas precisam se arriscar mais, porque parte do aprendizado só se adquire fazendo”, afirmou Olivia.
De acordo com a psicóloga Adriana Albuquerque, coach, professora e autora de livros sobre realização profissional, as empresas têm alterado seu modelo de liderança. “Antigamente, o estilo era o ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’. Hoje, manda quem sabe mais”, disse, durante a palestra de abertura do encontro.
A profissionalização foi apontada como a alternativa para que a sucessão de empresas familiares ocorra de maneira eficiente e eficaz. Segundo Ana Maria Elorrieta, membro do Conselho da Ifac, embora apenas 7% das empresas familiares desapareçam ao passar para a segunda geração, somente 4% ultrapassam a quarta. Ela aponta o desinteresse por parte da família, a má gestão e problemas de sucessão como algumas das causas. A alternativa é a profissionalização, aponta Manuel Knopfholz, sócio majoritário da Meca Assessoria, Capacitação e Treinamento Empresarial e Educacional. “As empresas que estão sendo bem-sucedidas têm investido cada vez mais em profissionalização, desenvolvimento de mecanismos de governança corporativa, estabelecimento de regras de família, deixando claros os limites entre essas e as empresas”, ressalta. Knopfholz lembra que 67% das falências de empresas no Brasil ocorrem por brigas na sucessão. Para ele, é imperioso que, mesmo não atuando na empresa, o herdeiro do negócio saiba ler um balanço empesarial, por exemplo.
O acesso à educação e a formação profissional são alguns dos desafios que as mulheres precisam enfrentar. Há países em que as mulheres ganham até 60% menos do que os homens que desempenham as mesmas funções, e, para a diretora de Prática Global de Governança, Sâmia Msadek, só a qualificação profissional pode reduzir essas diferenças, e o aspecto qualitativo da formação não pode ser relegado a segundo plano. “O profissional da contabilidade ou de qualquer outra área que queira fazer a diferença precisa se manter atualizado e atento ao que está acontecendo, não apenas a seu redor, mas em todo o mundo”, defende.
O 10.º Encontro Nacional da Mulher Contabilista ocorreu de 12 a 14 de agosto, no Recanto Cataratas, em Foz do Iguaçu (PR). Reuniu 17 palestrantes, 3 deles internacionais, além de ter promovido diversas atividades culturais.