Foz do Iguaçu tem condições técnicas mais favoráveis do que Curitiba para o voo da TAP

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O anunciado voo da TAP Air Portugal de Curitiba para Lisboa, com escala técnica no Rio de Janeiro, desafia a lógica operacional e se insere na lógica política, quando a decisão ignora critérios técnicos e atende aos interesses convenientes dos donos do poder no Paraná.

Curitiba está a 911 metros de altitude e dispõe de uma pista curta, de apenas 2.218 metros — um limite severo para aeronaves de grande porte, como o Airbus A330-200, sobretudo em decolagens longas e com carga plena.

Foz do Iguaçu, por sua vez, opera a 240 metros de altitude, com pista de 2.705 metros. Está praticamente ao nível do mar, o que exige menor esforço dos motores e reduz o consumo de combustível para o mesmo desempenho.

Há ainda um agravante: no Brasil, a TAP não pode realizar cabotagem, ou seja, transportar passageiros entre Curitiba e o Rio de Janeiro. Isso transforma a escala em puro custo, sem vantagem operacional, tampouco comercial. Quem conhece a aviação comercial sabe que, num setor de margens mínimas e alta competitividade, cada escala injustificada é um passo curto entre o lucro e o prejuízo.

Por que não trazer esse voo direto para Foz do Iguaçu, destino internacional consolidado, com fluxo constante de turistas europeus e uma base de cinco milhões de habitantes num raio de 350 quilômetros?

Insisto: IGU tem vocação para hub, não CWB. Por razões políticas, estão retirando os voos internacionais de Foz e transferindo-os para Curitiba, que, diferentemente de Foz, não é destino de turismo estrangeiro. Foi assim com os voos diretos que antes ligavam Foz a Lima e Montevidéu — e que, sem justificativa técnica, acabaram levados para lá.

Para esses donos do poder, Foz do Iguaçu não deve — e talvez nunca possa — sonhar mais alto do que Curitiba. No fundo, a decisão de concentrar o hub aéreo na capital parece uma forma educada de dizer que o interior deve saber o seu lugar.
Afinal, imagine uma cidade de fronteira, com todas as suas contradições, mostrar-se ao mundo como porta de entrada e saída do Brasil?
Parece ousadia demais para quem ainda acredita que nem uma das sete maravilhas naturais do planeta pode competir com um cartão-postal artificial.

Resta-nos torcer para que a concessionária do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, hoje CCR (nome fantasia Movida), seja vendida conforme os interesses de seus acionistas ou, então, que utilizemos o Aeroporto Internacional de Puerto Iguazú, com pista de 3.300 metros e gestão da Inframerica (mesmo grupo que administra o aeroporto de Brasília), para concretizar o nosso tão sonhado hub da fronteira.

Caso contrário, Foz do Iguaçu continuará tratada como simples extensão de Curitiba, quando, na verdade, tem vocação para ser porta de entrada e saída internacional do Brasil.

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