O último dia da FILFI foi marcado por grande movimentação de público durante todo o domingo
Mais de 120 pessoas participaram, na noite de domingo, da palestra de encerramento da 19.ª edição da Feira Internacional do Livro de Foz do Iguaçu (FILFI), no auditório da Fundação Cultural. O escritor e roteirista Raphael Montes atraiu uma legião de fãs leitores ao local. O convidado, que já vendeu mais de 500 mil cópias no Brasil e teve sua obra traduzida para 25 idiomas, contou sobre sua produção literária e audiovisual. “Para além de provocar, a produção não tem que ser lacrativa, nosso papel [como roteirista e escritor] é chamar a atenção para um tema, é cutucar, e não dar as respostas”, disse.
Na plateia, jovens e adultos dividiram espaço. As amigas Suelen Leite e Aline Moreira, ambas integrantes de um clube do livro e fãs do autor, seguravam títulos dele. “A gente lê e acaba desligando do mundo. Vai para outra dimensão, é maravilhoso”, comentou Suelen. Para Aline, o escritor brasileiro está entre os melhores do mundo. “O Jantar Secreto é o melhor livro que li”, revelou.
Mulheres
A programação do domingo também foi reservada para um bate-papo com a escritora Luciany Aparecida. A autora do romance épico Mata Doce falou sobre mulheres na literatura. “A literatura tem várias funções, e uma delas é ampliar nossas possibilidades de humanidade”, comentou. Segundo a convidada, a diversidade dos autores desses textos também deve ser ampliada.
O papel das mulheres negras na literatura foi ressaltado por Luciany como uma conquista irreversível. “Sempre estivemos escrevendo, é só pensar que o primeiro romance escrito por uma mulher negra foi no século 19, então estar no Brasil viva e escrevendo sempre estivemos. A diferença é que hoje temos um público leitor, que exige nossa presença em lugares, que quer nos ler e saber o que estamos fazendo. A partir daí, cenas literárias promovendo encontros como essa feira.”
Fim
O último dia de FILFI foi marcado por uma série de atividades para crianças na Praça Getúlio Vargas, onde estava localizada a Floresta Z. Oficina de bordados, lançamentos de livros e teatro lambe-lambe com o grupo Sarambi encantaram os pequenos espectadores. O espaço foi ponto de encontro para apresentações de circo e até de uma feira geek.
Nos equipamentos da praça, em que se encontravam as estações culturais, a Secretaria de Educação recebeu alunos e professores da rede municipal com o vale-livro. Neste ano, foram adquiridas mais de 33 mil publicações. Na Estação Cultural, onde as obras literárias estavam, o final de semana foi agitado. Elena, de 6 anos, foi acompanhada dos pais para retirar seu livro. “Gostei dos livros, demorei para escolher”, contou. Conforme a pequena, o incentivo à leitura vem de casa. “A gente lê muito e incentiva que seja uma boa leitora. Conhecimento é tudo, e ninguém pode tirar isso dela”, ressaltou a mãe, Eva Rodrigues, moradora da Vila Portes.
Isabely Taeko veio do Morumbi, acompanhada dos três filhos, para fazer a retirada dos livros para as crianças, de 8, 6 e 4 anos. “Eu gosto muito desse programa, o único problema é que a gente não pode levar todos para casa”, disse, bem-humorada.
Estandes
Nos estandes, o clima era de aprovação do novo espaço. “Sem dúvida, a feira precisa ser na praça, num espaço público onde as pessoas se sintam à vontade, que turistas venham”, frisou o educador Emerson Fulgêncio, que esteve em um dos estandes divulgando sua escola.
Para Lhaisa Andria, que trouxe a editora Lumus, o local representou bom retorno. “Na praça, as pessoas vêm como se fossem mais passear do que propriamente numa feira, e isso é muito bom. Aqui, veio público diferente, e conseguimos um bom contato com nossos leitores de literatura fantástica, o que representou boas vendas.”
Procedente de Ourinhos (SP), a editora Y.A. Books chamou atenção dos leitores com promoções e variedades. “Estamos num ambiente em que as pessoas já circulam, que é a praça. Assim atraímos um bom público”, realçou o livreiro Daniel Ribeiro.
“Para nós, o saldo da Feira do Livro foi muito positivo, com todas as ações, a aprovação do público, dos colaboradores, dos livreiros, o empenho e o trabalho de todos os funcionários. A participação dos escritores, tudo funcionou de maneira fantástica para nós, e mais intensamente as ações da Biblioteca Pública e o trabalho da Secretaria de Educação com o vale-livro”, disse o diretor-presidente da Fundação Cultural, Juca Rodrigues, que também confirmou a importância da aprovação de dois equipamentos culturais na praça, que deram apoio ao evento. “A Estação Cultural do Artesanato e a Estação Cultural das Artes Visuais serão oficialmente nominadas em breve.”
A FILFI foi uma realização da Prefeitura de Foz do Iguaçu, por meio da Fundação Cultural e das secretarias municipais de Educação e de Turismo e Projetos Estratégicos.